sábado, setembro 30, 2006

"CASAL OU CASAIS DO MONTE"

Como o nome indica, esta extinta vila teve origem num casal, situado numa pequena elevacao sobranceira a Queiriz, presentemente a sede da freguesia.
E terra muito antiga, pois ja existia em fins do seculo XIII e aparece mencionada no foral de Penaverde, concedido pelo rei D. Sancho I, ai se referia esta terra da seguinte forma: (....e o casal do monte que e do espital...). Era portanto ja nessa altura propriedade da Ordem Hospitalaria, embora estivesse dentro do termo daquele concelho.

Em data incerta, essa mesma Ordem, ou ja a de Malta sua sucessora, concedeu-lhe um foral com varios beneficios, para promover o povoamento que era escasso nessas alturas. E de salientar que o apodo que os habitantes desta terra tem: "Maltezes", vem do facto de viverem em terras que foram da Ordem de Malta.

No seculo XVI, quando o rei D. Manuel I reformou os forais portugueses, tambem concedeu um foral novo a esta povoacao. O seu pelourinho com uma esfera armilar simbolo desse rei, e a prova mais evidente desse facto, presentemente desconhece-se o paradeiro do foral.
O pelourinho e constituido por uma coluna hexagonal assente em degraus, rematada por uma piramide encimada por uma rudimental esfera armilar, ainda possuia os ferros de sugeicao em meados do seculo passado.

Em frente encontrava-se a casa da camara, com a sua cadeia no andar terreo, foi vendida a particulares depois da extincao do concelho, mas ainda conserva as grades na janela aquela antiga cadeia.

Embora tivesse sido vila e concelho durante varios seculos e ate 1836, altura em que foi extinto e incorporado em Fornos de Algodres, esta povoacao nunca constituiu paroquia e sempre esteve incorporada a igreja de Santa Agueda de Queiriz.
Possuiu no entanto uma antiga capela romano-gotica um pouco retirada da povoacao, que embora ja adulterada, ainda conserva um belo portal de arco ogival. Esta capela teve outrora a invocacao de S. Sebastiao, patrono que lhe foi mudado em data que desconheco, presentemente o patrono e Nossa Senhora da Cabeca.
A seu lado encontra-se um Calvario que suponho date do seculo XVIII. Foi destruido em principios do seculo XX, por uma tempestade e reconstruido com a particularidade de a partir de entao, possuir as tres cruzes de tamanhos diferentes.

Nesta povoacao existem construcoes com gravacoes que tem sido identificadas com "cristaos-novos", portanto judeus convertidos. Embora possam ser de epocas mais recentes, nada custa admitir que os judeus que aqui habitaram, possam vir do tempo da colonizacao promovida pela Ordem Hospitalaria, que como se sabe, teve a sua primeira sede na cidade de Jerusalem.

sábado, setembro 23, 2006

INFIAS Lapide ao Deus Mercurio


Esta lapide ao Deus Mercurio, estaria junto a estrada romana, e foi colocada na fachada da igreja, aquando da sua construcao. Mercurio era o deus dos caminhantes, na mitologia romana, e lapides votivas em sua honra, era normal serem colocadas junto as estradas. Talvez uma sua reminicencia sejam as "Alminhas", que os cristaos tambem colocam junto aos caminhos.

INFIAS ou ENFIAENS

Infias e uma povoacao situada no cume da Serra da Esgalhada, a tres quilometros do centro da vila de Fornos de Algodres.
E muito provavel que ja fosse povoacao importante durante o imperio romano. Mesmo sem nunca se ter feito nenhuma escavacao a serio, tem sido descobertas; lapides, capiteis de coluna, mos, moedas e restos de ceramica desse tempo.
Ainda hoje se pode ver uma pequena lapide romana ao deus Mercurio, incrustada na fachada da sua igreja, e, no principio do seculo XX havia ainda pelo menos mais duas inscricoes desse tempo, que presentemente se desconhece o paradeiro.
Existem tambem vestigios da ocupacao romana, nas quintas das Proviegas e do Godinho.

O monsenhor Pinheiro Marques, na sua monografia; "Terras de Algodres", informava ter-se descoberto uma pedra de aparelho romano, com a inscricao: "ALBONI", sugerindo poder ter sido esse o toponimo desta localidade, durante a romanizacao.
O falecido padre Luis de Lemos, que foi abade desta freguesia, era de opiniao que o toponimo "Infias" derivaria da palavra latina "Infidelas", que identificava uma terra de infieis; portanto nao cristaos. A ser verdade quem seriam esses infieis; mussulmanos, judeus, ou pagaos? Nunca o saberemos provavelmente.
O que se sabe, e que nas inquiricoes de D. Afonso III em 1258, ja aparecem varios moradores desta localidade:"....Diago Martini, Goncalvvs Menendi, Petrus Pelagii.....".

Tambem e sabido que o rei D. Dinis em 1320, taxou a igreja de S. Pedro de Infias, em 10 libras portuguesas para a guerra contra os Mouros. Era portanto um a igreja ja com alguma importancia nesse tempo.
O referido Luis de Lemos, afirmava tambem que este patrono S. Pedro, indicia uma antiguidade que faria remontar esta igreja para o baixo imperio romano, dizendo que era usual consagrarem aquele santo, as localidades em que se cruzavam ou bifurcavam estradas romanas.
E provavel que seja verdade, de acordo com varios historiadores, aqui passava a via romana Viseu-Celorico-Idanha-Merida, havendo tambem quem afirme que essa mesma via, aqui se bifurcava na direccao a Matanca e Trancoso.

Esta povoacao foi vila e concelho, desde data incerta, mas ja o era em 1525, pois no "Cadastro da Populacao do Reino" mandado efectuar por D. Joao III, ja aparece com o titulo: "...Vila e concelho de Enfiaens...".
Manteve a sua autonomia municipal ate 1836, ano em que o pequeno concelho foi extinto e incorporado no de Fornos, que aquela data passou a chamar-se "de Algodres".
No entanto nao se conhece nenhum foral concedido a Infias, e o concelho sempre se regulou pelos "...foros e tradicoes..." do concelho de Algodres.

terça-feira, setembro 19, 2006

CAPELA DA SENHORA DA COPACABANA


A capela de Nossa Senhora da Copacabana, com o seu adro murado e um cruzeiro, com gravacoes interessantes na sua base.

A Granja da Figeirola (FIGUEIRO DA GRANJA)

A antiga vila de Figueiro da Granja, devera ter tido origem numa "villae" agricola romana, tal como a maioria das aldeias vizinhas.
No entanto dentro dos limites da freguesia, existem vestigios de povos muito mais antigos; pelo menos desde o "Calcolitico Superior", foram encontrados documentos arqueologicos, no Castro do Monte S. Tiago.
Por esta povoacao passava a estrada romana, que de Viseu e Fornos se dirigia a Celorico, onde entroncava na que vinha de Braga para Merida.
Junto ao actual cemiterio, no sitio da "Torre" tem sido descobertos varios legados romanos; capiteis de coluna, mos manuais, moedas, etc. Havendo quem afirme que ali se situou uma "viccus".(aldeia romana)
O toponimo "Torre", pode indiciar a existencia de alguma torre senhorial da idade media, ou de defeza, contemporanea da antiga via romana.

Em 1169 esta Quinta ou Granja, que pelo facto de possuir uma pequena figueira, se identificava por: "da Figairola", foi vendida por D. Afonso Henriques a Egas Goncalves, por: "....um cavalo e uma mula...".
Esse mesmo Egas, dou-a a seguir ao convento de S. Joao de Tarouca.
Em 1170 a pedido do convento, o referido rei ja nessa altura acompanhado na governacao pelo seu filho, o futuro D. Sancho I, coutou a area do que e actualmente a freguesia.
Os limites do antigo couto e mais tarde concelho, ainda hoje se encontram assinalados por cruzes de varios formatos, gravadas em lages e marcos graniticos.

Em data incerta do seculo XIII ou XIV, foi fundada a igreja desta povoacao, desmembrando o seu territorio, do da de S. Miguel de Fornos, onde ate ai eram fregueses os habitantes deste couto.
Desse tempo deve datar uma pequena imagem da Maria com o Menino, actualmente colocada na frontaria da igreja de Figueiro.
O templo actual data dos seculos XVIII e XIX, acrescentado nos principios do seculo XX, altura em foi alteada a fachada e erguida a magnifica torre sineira.
No entanto grande parte da cantaria, era proveniente do arruinado santuario da Senhora dos Milagres, da Muxagata, destruido pelos habitantes daquela freguesia em fins do seculo XVIII.

Baseando-se na antiga "Carta de Couto", (considerado o primeiro foral desta terra) ja no seculo XV D. Afonso V, elevou esta povoacao a vila e concelho. Por sua vez no seculo seguinte D. Manuel I concedeu-lhe um foral novo.
O seu pelourinho granitico, com o escudo das quinas, debruado e amarrado por uma corda e rematado por uma esfera armilar, e sem duvida comtemporaneo deste segundo foral.
Estava outrora na praca defronte a Casa da Camara, vendida em fins do seculo XIX, foi transferido para o lugar actual, junto a Capela de S. Sebastiao em 1881, aquando da construcao da estrada que mais tarde seguiria ate Aguiar da Beira.

Dignas de registo nesta povoacao, sao as suas capelas; a ja referida de S. Sebastiao e as de S. Pedro, S. Silvestre, Santa Eufemia e a da Senhora da Copacabana.
Esta capela rodeada por uma pequeno adro, foi edificada no seculo XVII por um padre missionario no Peru, proveniente de uma antiga familia existente na regiao: os "Soverais". Um seu herdeiro tambem padre e da mesma familia, legou-a com todos os seus bens aos "Albuquerques de Vasconcelos" de Fornos, que a partir desse legado passaram a usar o apelido "Soveral".
Estando em ruina em fins do seculo XX, depois de ter sido cedida a paroquia pelos proprietarios, foi restaurada, encontrando-se em perfeito estado de conservacao.

Existem tambem nesta freguesia, varias sepulturas escavadas na rocha, algumas agrupadas e outras isuladas, de acordo com especialistas dataram dos primeiros tempos do cristianismo.
Tambem dessa epoca data uma estela funeraria, que encontrando-se quase abandonada, foi colocada numa coluna em 1938, pelo Monsenhor Pinheiro Marques, natural desta povoacao.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Fornos de Algodres (a freguesia)


A freguesia de Fornos de Algodres, tambem as vezes identificada por Freguesia de S. Miguel, engloba a totalidade do que foi o outrora concelho de Fornos, que se tranformou em "Fornos de Algodres", aquando da extincao dos concelhos de: Algodres, Matanca, Figueiro da Granja, Infias e Casal do Monte, por decreto de 1836, quando os integrou neste.
Esta freguesia e composta pela vila, e pelas povoacoes de Fornos Gare, parte norte da Ponte Nova e por inumeras quintas, sendo de mais renome e populacao as das Fontanheiras, Linheiro, Lageosa e a do Alemao hoje quase um bairro urbano.

terça-feira, setembro 12, 2006

Os "FORNOS" de Algodres (I)

A actual vila de Fornos de Algodres, se nao tem idade anterior, data pelo menos desde do tempo dos romanos. A prova-lo, conservam-se ainda relativamente bem conservados, dois trocos de calcada que faziam parte de vias romanas, (Um perto da capela da Senhora da Graca, outro junto a povoacao de Fornos Gare.) foram tambem descobertas; lapides e aras romanas, (presentemente guardadas fora do municipio) e outros artefactos desse tempo.
No entanto existem indicios de povoamento anterior, relativamente perto do centro da vila e no seculo XIX, foi descoberta uma espada datando da "idade do bronze", no 'Pinhal dos Melos', que presentemente se encontra num museu em Lisboa. (seria de todo o interesse, que esses legados retornassem a Fornos de Algodres, agora que esta vila possui um museu arqueologico.)

Reportando-nos a epocas mais recentes, existe registo de aqui se ter dado uma "lide", (combate medieval) creio que anteriormente a fundacao da nacionalidade, na qual faleceu um cavaleiro medieval.
Ja durante o reinado do nosso primeiro rei, sabe-se que quando este concedeu a "Carta de Couto" a Figueiro da Granja em 1170, os colonos daquela "granja" (ou quinta) eram fregueses da igreja de Fornos.

Por essa altura esta localidade era intitulada por "Lugar dos Fornos" e era uma terra reguenga, (propriedade real) assim como eram todas as terras da regiao de Algodres, nao havendo nenhum "Senhor" proprietario para alem do rei.

O toponimo "Fornos" significa isso mesmo: fornos de cozedura. No que diferem alguns autores e no que esses fornos coziam, pois enquanto alguns dizem que eram fornos de cozedura de pao, outros entre os quais me incluo eu, afirmam que eram fornos de cozedura ceramica, o que faz muitissimo mais sentido.

Existe um dito popular que afirma que aqui em Fornos: "...Se localizavam os fornos de Algodres...." nao creio que este dito se refira a fornos de pao, pois sendo aquela vila e concelho muito mais antigos e importantes, que Fornos na idade media, custa-me muito a crer que la nao existissem fornos de cozedura de pao. O que faz todo o sentido, e que nao havendo naquela vila "barreiros" para a extracao de argila, era aqui em Fornos, que se situavam os fornos ceramicos das antigas "Terras de Algodres".

Aquando da concessao do foral de Linhares em 1169, ja existia o concelho de Algodres, com o qual Linhares tinha termo pelo Rio Mondego, neste foral nao existe nenhuma referencia a Fornos, pelo que o mais provavel era que, embora aqui houvesse uma povoacao com igreja paroquial, esta terra ainda nessa altura estava dentro do "termo" do concelho de Algodres.

Nas inquiricoes de D. Afonso III em 1258, existem referencias a Fornos e a sua igreja de: "Sanctis Michaelis", assim como ao seu abade.
Ser abadia por essa epoca, por si so, indicia alguma importancia.
O filho daquele rei: D. Dinis, que concedeu outro foral a Algodres em 1311, foi quem taxou as igrejas existentes no reino para a guerra com os mouros, nesse ano; 1320, a igreja de Sao Miguel de Fornos foi taxada em 50 libras portuguesas, a segunda taxa mais elevada da zona, logo a seguir a Algodres, o que por sua vez prova que esta povoacao ja era das mais importantes na nossa regiao.
Ha quem afirme tambem, que esse mesmo rei tera concedido foral a Fornos em 1314, no entanto nao ha conhecimento de nenhum registo documental, em que nos possamos basear para fazer tal afirmacao.
O que se sabe, e que em alguma altura da primeira dinastia, Fornos foi elevada a vila e concelho, no entanto nunca teve foral proprio e sempre se tera regulado pelos: "...foros, usos e tradicoes de Algodres...".

Tem-se tambem lido ultimamente que Fornos passou a sede de concelho em 1811, e que para esta vila passaram o concelho e tribunal da vila de Algodres, nao sei onde foram buscar semelhante informacao, porque o concelho de Algodres so foi extinto em 1836, portanto vinte e cinco anos mais tarde.
Como e que podiam ter mudado para Fornos, as instituicoes de um concelho que ainda nao tinha sido extinto? Alem disso se Fornos ja era vila e concelho pelo menos desde o seculo XIV, como e que foi elevada a vila em 1811?
Seriam muito bom que se consultassem as fontes historias, antes de se escrever algo, que pode levar em erro leitores menos atentos.

sexta-feira, setembro 08, 2006

A MATANCA ou "MATANCIA"

Incluido nas "Terras de Algodres", existiu um muito antigo concelho de nome: Matanca. Teve o primeiro Foral em 1358 concedido por D. Afonso III, confirmado por um foral novo, dado por D. Manuel I no seculo XVI.
Este concelho que presistiu ate as reformas liberais de 1836, era identificado desde a epoca medieval pela denominacao de: "Terra da Matancia".

Querem alguns autores que o toponimo "Matanca", venha do facto de neste local ter havido uma grande batalha, na qual tenha morrido muita gente.
Perduram ate hoje, lendas de lutas entre Romanos e Vandalos e entre Cristaos e Mouros, mas que sao impossiveis de provar, por falta de documentos desses tempos.
No entanto, gente menos romantica, muito mais pratica e ate talvez mais certa, defende que a origem do toponimo tem muito mais que ver com; mato, matagal; terra inculta e por desbravar. Seriam da mesma origem toponimos beiraos vizinhos como; Matela, Matados, etc.
Embora nao se possa descartar totalmente, a primeira hipoteze da origem do nome desta terra, faz muito mais sentido a segunda versao.

Esta regiao e habitada ha pelo menos 5000, pelas datacoes conseguidas atravez dos achados da Anta das Corgas, ou Casa da Orca das Corgas, como o povo identifica este monumento megalitico. E no entanto provavel, que tenha tido um retrocesso habitacional na alta idade media. Tem sido descobertos alguns indicios de que foi habitada pelos romanos, havendo quem afirme que passava por esta antiga vila, uma estrada construida por essa gente que ligaria Viseu a Trancoso.

Servindo de entrada a povoacao, existem hoje duas belissimas pontes medievais, mas provavelmente de fundacao romana. Uma com um arco sobre a Ribeira das Forcadas e outra de dois sobre o Rio Carapito, perto da qual ainda presistem restos de uma calcada romana.

A sua Igreja Matriz que datara dos seculos XIII ou XIV, e de invocacao de Santa Maria Madalena, ja era uma igreja importante no tempo do Rei D. Dinis, que a taxou para a guerra contra os mouros em 40 libras. Esta igreja embora modificada no seculo XVIII conserva ainda o seu portal romanico, nela se podem ver ainda algumas pedras sigladas carateristicas da epoca medieval.

Desses tempos da primeira dinastia, deve datar tambem a ermida de Santa Eufemia, situada perto a povoacao da Fonte Fria. E uma capela romano-gotica com um portal ogival e cachorrada com figuras animalescas na capela mor.

O pelourinho desta antiga vila datara do seculo XVI, sendo contemporaneo do segundo foral, e tipo gaiola, embora de arquitetura invulgar.

Junto a aldeia das Forcadas, encontra-se uma necropole que datara da alta idade media, conserva mais de duas dezenas de sepulturas escavadas na rocha, com formas ovaladas e retangulares, o que por si so prova a importancia destas terras, ja nesses tempos de antanho.

Alem dos monumentos mencionados, existe na area do antigo concelho e hoje freguesia, a belissima capela barroca de Sao Miguel, situada na estrada da Fonte Fria. E a pequena capela da Senhora dos Milagres, com portal romanico, junto a ponte do Rio Carapito.

sexta-feira, setembro 01, 2006

SETEMBRO - Festas e romarias

Mensalmente irei divulgar, (coisa que deveria ser o "site" do municipio a fazer) as festas e romarias que se realizam no concelho de Fornos de Algodres.

- 8 de Setembro (Dia das sete Senhoras) SENHORA DOS MILAGRES

Realiza-se em sitio ermo, no termo da Muxagata a antiquissima e tradicional romaria, da Senhora dos Milagres. Foi uma das maiores romarias a nivel regional e juntava (ou ainda junta) gente de varios concelhos vizinhos: Celorico, Gouveia, Mangualde, Penalva etc, Para alem dos naturais.
A cerca de vinte anos ainda era normal juntarem-se no recinto dezenas de autocarros, e nesse dia, paravam num apeadeiro proximo constuido para o efeito, todos os comboios regionais.
Sendo uma romaria Mariana, consiste do normal; rezas, promessas,missas e procissao.
O que torna (ou tornava, ja la nao vou, a mais de dez anos) esta romaria peculiar ou diferente, eram as chamadas romarias das ovelhas; sao normalmente logo pela manha e consistem do seguinte: O pastor enfeitava as "astes" dos animais com flores coloridas, naturais ou de papel e pintava os animais com cores variadas, dirigia-se entao para o santuario, parando com o seu gado em frente ao portal principal, onde fazia as suas oracoes, findas estas, dasatava com seus animais a fazer umas corridas desenfreadas em volta da capela, que normalmente eram tres voltas, mas poderiam ser mais de acordo com a "promessa".
Eram interessantes de ver estas romarias, o unico senao era a quantidade de po, que estas correrias provocavam.
Nao sei pela distancia, se ainda se realizam estas romarias de ovelhas, tambem cada vez ha menos, rebanhos e fe, no entanto seria interessante que nao terminassem.
Junto do recinto, presentemente com uma estrada pavimentada, realiza-se ainda uma pequena feira, tambem com naturais tendas de comes e bebes. No entanto sao (ou eram) a abertura dos "farneis" finda que era procissao, os momentos de mais pura descontracao e interaccao entre os participantes; todos comiam e bebiam, fazendo questao de convidar os vizinhos a partilhar consigo.
Que saudades eu tenho desta romaria, que comecei a frequentar desde bem pequeno.

Nesse mesmo dia realizam-se tambem festas e romarias com a invocacao da Senhora dos Milagres, nas freguesias de Maceira e da Matanca.

- 16 de Setembro, SANTA EUFEMIA.

Em sitio tambem ermo e junto a estrada, (pavimentada) que vai para a pequena povoacao da Fonte Fria, na freguesia da Matanca. Realiza-se talvez neste momento, mais concorrida romaria concelhia: Santa Eufemia ou "Senhora Santa Eufemia" como o povo a intitula, foi uma Virgem Martir dos primeiros tempos do cristianismo, em quem a gente da nossa regiao tem muita fe; dizem que e a protectora dos "males ruins".
Tambem esta romaria junta muita gente, do municipio e dos vizinhos, de Aguiar da Beira e Penalva do Castelo.
Tambem no recinto em que relativamente agregaram um coreto, se realiza uma pequena feira.
Na Santa Eufemia tambem se realizam as anteriormente referidas "romarias das ovelhas". Alem disso e normal fazerem-se promessas em volta da capela, (algumas de joelhos) e oferecer a Virgem Martir, ramos de cravos.
Para os como eu, amantes de historia e patrimonio, devo notar que em meu ver, a capela desta invocacao, e talvez o templo romano-gotico memos modificado do concelho de Fornos, conserva um portal "gotico" sob um alpendre e a cachorrada com registos animalescos na capela-mor. (pena que gente menos atenta, em re-construcao recente, tenha pintado as juntas das paredes e, tenha limpo as pedras com jacto de areia, tendo com isso destruido muito das formas da cachorrada.)

- 29 de Setembro, SAO MIGUEL, Feriado concelhio.

Sendo um santo ja venerado na Matriz de Fornos desde pelo menos o seculo XIII (inquiricoes de D.Afonso III, 1258) faz talvez muito sentido, que se tivesse decidido tornar este dia, o feriado concelhio.
O Sao Miguel, e um dos Arcanjos mais reverenciados, tanto por judeus como por cristaos, pois foi ele que tera derrotado, um outro anjo poderoso: "o Lucifer e o tera encerrado no inferno"
No entanto na nossa regiao, este Santo esta muito ligado a agricultura, pois era neste dia que se faziam os contractos e se pagavam as rendas das terras, e, era tambem a partir deste dia, que passavam a nao ser obrigatorias, as merendas.

Celebra-se este santo na Vila de Fornos com misa e procissao, outrora realizava-se tambem uma feira franca, (nao sei por se nao realiza ainda!) e e, neste dia que a autarquica costuma obsequiar a terceira, idade, com um grande almoco no mercado municipal.

Para alem das festas em Fornos de Algodres, realiza-se tambem na Muxagata a festa a Sao Miguel patrono da aldeia, com os habituais arraiais, e festas religiosas na Paroquial daquela freguesia.

Se por acaso nao tiveram nada importante para fazer, venham conhecer melhor "Algodres e as suas terras", nestes dias festivos.